Histórico
A história moderna do petróleo começou em 1847 quando o químico escocês James Young observou uma infiltração de petróleo natural em uma mina de carvão e, dessa infiltração, destilou um óleo leve adequado para acender lâmpadas, e outro mais espesso, adequado para lubrificação. Já em 1850, o querosene começou a ser usado comercialmente para iluminação. Em 1857, foi inaugurado o primeiro poço de petróleo em Trinidad y Tobago e, em 1859, o primeiro poço americano foi furado na Pensilvânia.
No final do século XIX foram fundadas as grandes empresas petroleiras de hoje, a Standard Oil, de John Rockefeller, é hoje a Exxon Mobil. O comerciante britânico fundou a Shell Transport and Trading, que se fundiu com a Royal Dutch Petroleum, e hoje é a Royal Dutch Shell. A descoberta de petróleo no Irã criou a Anglo-Persian Oil Company, estatizada durante a Primeira Guerra Mundial como British Petroleum.
No século XX, a indústria automotiva impulsionou fortemente a produção de petróleo, especialmente durante e após a Primeira Guerra Mundial, quando todos os navios a carvão foram substituídos, assim como a introdução de tanques e aviões. Em 1938, grandes reservas foram descobertas na Arábia Saudita e no Golfo Persa, mesmo assim, só nos anos 50 é que a produção de petróleo suplantou a de carvão. Os grandes produtores do oriente médio acabaram mudando a área de influência especialmente depois da criação da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) em 1960. Hoje, a OPEP é composta de 15 países que detém aproximadamente 44% da produção mundial e 81.5% das reservas.
O mundo acorda para o fim do petróleo
As crises de energia de 1973 e 1979 fizeram o mundo acordar para o fato de o petróleo ser um recurso limitado e não renovável e, pela primeira vez, começou a se questionar o aumento desenfreado do seu consumo. Essas crises ocorreram com a queda da produção por conta da guerra do Yom Kippur e da revolução iraniana e, como consequência, os preços disparam, causando uma estagnação no crescimento global e na inflação.
Aqui no Brasil, a resposta do governo foi o plano pró-álcool e a limitação das velocidades nas rodovias a 80km/h que, para a tecnologia da época, era a mais econômica. Globalmente, as montadoras começaram a diminuir os motores e o tamanho dos veículos buscando alternativas mais econômicas.
O Fiat 147 foi produzido entre 1976 e 1986 e projetou a marca no Brasil.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fiat_147
Nos anos 1980, no entanto, o reestabelecimento e aumento da produção acabou causando um excedente, revertendo a situação. A queda nos preços acabou matando o pró-álcool. A tecnologia seria resgatada mais adiante em 2003, no entanto, com a criação dos modelos flex, os quais podiam trabalhar com gasolina e/ou etanol, havia muito mais flexibilidade ao usuário.
Vai faltar petróleo?
Ainda em 1974, foram descobertas as reservas de petróleo da Bacia de Campos, a maior do Brasil, e, ao longo dos anos, o país passou a ser uma das poucas nações a dominar a tecnologia para a exploração de águas profundas. Em 2006, o país atingiu a autossuficiência e, em 2007, foram descobertas as reservas do pré-sal a 7 mil metros de profundidade.
Essas descobertas de novas reservas que, antes eram inviáveis, ficaram economicamente viáveis a medida em que o valor do barril do petróleo atinge um certo patamar e a tecnologia reduz os custos da extração. Isso traz a dúvida sobre se o petróleo é realmente um recurso limitado, ou é uma questão de preço para viabilizar a extração.
No entanto, os últimos anos vem mostrando que as novas descobertas estão diminuindo e que, realmente, o recurso é limitado.
Instabilidade nos países produtores de Petróleo
Desde 1970, houveram 52 conflitos na região do Oriente Médio, onde estão as maiores reservas mundiais de petróleo. Tais conflitos geram grande volatilidade nos preços por possivelmente afetar a produção. A região abriga uma série de ditaduras, e grande diversidade de religiões com forte intolerância causando instabilidade entre os países árabes, o Irã e o estado de Israel.
Na outra ponta, a Venezuela, que individualmente é o país com a maior reserva do mundo, vive há anos isolada em um modelo de governo comunista, que acabou matando a sua própria indústria petrolífera.
Na última reviravolta da História, a Rússia invadiu a Ucrânia e está, por conta disso, recebendo sanções internacionais. Tal situação está causando extrema instabilidade e volatilidade no preço do petróleo. A Rússia, sendo um dos maiores produtores mundiais, tanto de petróleo, quanto de gás natural, faz com que os países europeus comecem a importar esses insumos de outros países, causando a flutuação nos preços.
A questão ambiental
Com o aumento exponencial do consumo de combustíveis, a emissão de gases de efeito estufa, principalmente o gás carbônico, o CO2, aumentou exponencialmente nos últimos anos. O aquecimento global é difícil de ser ignorado, causando alterações climáticas significativas, regiões se desertificando, temperaturas extremas, tanto no frio, quanto no calor, e grandes queimadas assolando regiões como a Australia, a Califórnia e o Pantanal brasileiro.
A causa não é apenas a emissão dos gases, mas também a redução das florestas. Os cientistas ainda estão avaliando as causas, mas já ficou claro que o ecossistema ficou mais desregulado, com chuvas mais intensas assim como secas mais intensas, limites de temperatura mais extremos e fenômenos meteorológicos mais frequentes e intensos como furacões.
Essas alterações climáticas começaram a despertar uma consciência ecológica, catapultada durante o período da pandemia da covid-19, onde as pessoas viram um retrocesso pela redução da atividade. Já se adaptando a essas novas tendências, a indústria começa a procurar alternativas para reduzir as emissões de gases, seja obrigada através de legislação ambiental, seja para atender a este novo mercado preocupado com as causas ambientais.
Novas tecnologias
Os primeiros veículos automotores eram elétricos, mas a limitação das baterias e da rede de geração de energia tornou inviável o desenvolvimento em larga escala desses veículos. A invenção do motor a combustão, primeiro a gasolina, depois o motor a diesel, fez com que fosse possível alcançar a grande escala de veículos que vemos crescer até hoje. Para que isso acontecesse, no entanto, foram muitos anos desenvolvendo a indústria de produção e refino de petróleo, bem como sua estrutura de distribuição através dos grandes distribuidores e sua cadeia logística downstream, como a dos postos de combustível. O grande sucesso do etanol no Brasil se deve, em parte, a poder utilizar a rede já estabelecida de postos e distribuição. Os caminhões que carregam um combustível ou o outro, são os mesmos, os postos são os mesmos, as bombas são as mesmas.
A cada nova crise, onde os preços sobem e/ou se volatilizam, há um novo impulso no sentido de reduzir a dependência do petróleo. As questões ecológicas são o pano de fundo, mas os custos acabam sendo um catalisador mais potente na migração da tecnologia. Só que uma mudança nesse sentido leva muito tempo. A infraestrutura que suporta os veículos com motor a combustão baseado em combustíveis fósseis foi desenvolvida ao longo desses 173 anos. Adaptar e preparar a infraestrutura para outras tecnologias pode ser um processo bastante demorado.
Além do etanol, que pode ser uma boa solução para um país produtor que nem o Brasil, mas não é uma solução viável globalmente, as terras que são usadas para plantar cana de açúcar são as mesmas que produzem alimento e, apesar de não ser por falta de produção que ainda há fome no mundo, existe um limite no uso dessas terras que não permite trocar a matriz energética nessa magnitude.
A alternativa que está sendo mais aceita hoje, são os veículos elétricos. Esses veículos que não poluem, não fazem barulho e, teoricamente, são mais fáceis de dirigir, aos poucos começam a se viabilizar. Um dos grandes problemas no início da história do automóvel era a autonomia das baterias. Novas tecnologias utilizando baterias de lítio e super capacitores, conseguiram aumentar essa autonomia a níveis similares aos de um veículo a combustão, ou seja, entre 300 e 500km. O que ainda não foi resolvido é o longo tempo de carga (em torno de 4 horas, enquanto o abastecimento de um veículo a combustão, leva apenas alguns minutos). Isto significa que há a necessidade de mais planejamento no caso dos veículos elétricos, pois, caso fique sem energia, o processo de recarga pode interromper a sua viagem.
Nos veículos elétricos de trabalho, a situação requer mais controle ainda, pois um veículo parado significa custos operacionais altos, o que pode reduzir, ou até anular, todos os benefícios obtidos pela economia de combustível. Outro ponto extremamente importante é a durabilidade das baterias. Tipicamente, os veículos precisam trocar as baterias a cada 2 anos (dependendo do uso). Ocorre que as baterias chegam a custar 40% do valor do veículo, portanto, a troca pode anular ou até custar mais caro do que 2 anos de gastos com combustível e manutenção em um veículo a combustão. Ainda não está claro a melhor forma de descartar as baterias que tem resíduos altamente tóxicos.
Por fim, há a questão da produção das baterias. Lítio é um material raro, as maiores reservas estão nos Andes (entre o Chile e a Argentina), na Bolívia e no Afeganistão. Desses, Bolívia e Afeganistão são países propensos a guerras e instabilidades políticas. Ou seja, a troca do petróleo pelos veículos elétricos traz, intrinsicamente, uma volatilidade semelhante a produção do combustível na produção das baterias.
Adoção em larga escala
Tendo sido iniciado pelos governos da Europa e da China, os meios de transporte de passageiros estão começando a se eletrificar de forma massiva, isso já está fazendo com que a tecnologia avance rapidamente, tanto desenvolvendo baterias mais eficientes, como reduzindo os custos de produção. Ainda assim, um veículo elétrico custa em torno de 50% a mais do que um veículo equivalente, reduzindo a adoção em grande escala nos veículos de passeio. Outro limitador é a infraestrutura, pois poucas estações de carga disponíveis fazem com que o público tenha receio de investir na nova tecnologia. Aliado a isso, as redes de geração de energia de quase todos os países não estão preparadas para suportar essa nova demanda, e o aumento na capacidade de geração leva muitos anos para se concretizar. A nossa avaliação é que a adoção irá acontecer aos poucos, mas que cada nova crise gerada pelos países produtores é um grande incentivo.
Conclusão
O mundo está totalmente dependente do petróleo. Todos os modais de transporte, aéreo, fluvial, ferroviário e rodoviário, rodam em cima de óleo diesel. E o transporte particular, apesar de em parte, no Brasil, ser atendido pelo etanol, ainda é muito dependente da gasolina em todo o mundo. Essa talvez seja a parcela que mais rapidamente deve aderir as novas tecnologias elétricas e a que mais impacto tem na dependência do petróleo. Essa dependência, no entanto, vai continuar, pois o material que faz as baterias, o Lítio, também é escasso, e as maiores reservas estão em países tão instáveis quanto os produtores de petróleo.
Telemetria e veículos elétricos
A telemetria é um grande aliado na adoção da nova tecnologia, monitorando o comportamento na direção dos motoristas. Nos veículos elétricos, a direção consciente é muito mais importante do que nos veículos a combustão, porque um veículo bem dirigido consegue ter uma autonomia maior. Isso previne o veículo de ficar sem bateria durante a operação além de reduzir os ciclos de carga o que aumenta a durabilidade das baterias que são 40% do valor do veículo.
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